sábado, 18 de fevereiro de 2017

[Inseto] Família: Pseudococcidae

Reino: Animalia
Filo: Artropoda
Classe: Insecta
Ordem: Hemiptera
Superfamília: Coccoidea
Família: Pseudococcidae

Pseudococcídeo em dobras do lenho

A família Pseudococcidae, compreende as cochonilhas sem carapaça, cochonilhas farinhentas, uns tipos de "Mealybugs" encontrados especialmente em climas úmidos e quentes alimentando-se de seiva vegetal. É a segunda maior família dos Coccoidea, com mais de 270 gêneros.

É citado como o segundo grupo de cochonilhas (depois da família Diaspididae) de maior importância econômica como praga de diversas espécies vegetais (Correa 2008 apud Granara de Willink, 1991). Desta família é a cochonilha da roseta, gênero Planococcus, praga que destrói cafezais, algodoal, e outras mais 250 culturas. São eventualmente citados também como vetores de doenças, e têm seu potencial de praga agravado na presença de formigas que os protegem de predadores e parasitas (característica que carece de mais pesquisa).

As espécies mais citadas da Família Pseudococcidae são Planococcus citri e Planococcus minor, Ferrisia virgata (com tricomas)...

São insetos pequenos (0,4 a 8,0 mm), sexualmente dimórficos, as fêmeas, apresentando neotenia, aparecem como ninfas, exibindo morfologia reduzida, ápteras, com um par de antenas e com três pares de pernas que lhe competem a capacidade de se mover; o corpo é frágil, com forma ovóide alongada à arredondada, com segmentações que pode ser vista na superfície dorsal, não se notando uma diferenciação entre cabeça, tórax e abdome. Os segmentos são produzidos pelos 17 pares de cerários, os cerários são agrupamentos de poros e setas que originam os filamentos laterais de cera, que adornam a margem do corpo. Os machos são menores, semelhantes a mosquitos e têm asas, são de curta duração, não se alimentam e só vivem para fertilizar as fêmeas.

As fêmeas são as farinhentas, se ligam à planta e secretam uma camada de cera protetora em pó, farinhenta que cobre o corpo de ninfas e fêmeas adultas. A cera pulverulenta que, além de revestir o corpo também cobre os ovos e produzir o ovissaco é secretada por poros, os poros são multiloculares, em geral com dez lóculos, são numerosos e localizados no ventre e ao redor da vulva.

Algumas espécies colocam seus ovos na mesma camada cerosa usada para proteção em quantidades de 50-100; Outras espécies nascem diretamente da fêmea. Somente algumas espécies não secretam a farinha por estarem adaptadas para viver em locais protegidos, tais como galhas, (Correa 2008 apud Miller, 1991).

A classificação dos pseudococcídeos, assim como das outras famílias de cochonilhas  é baseada na morfologia das fêmeas adultas, no entanto há uma considerável variação intraespecífica dos caracteres. Apresentam um alto grau de similaridade morfológica, particularmente nos estágios imaturos, o qual pode causar dificuldades na diferenciação em nível de espécie (Correa 2008 apud Beuning et al., 1999 e Cox, 1983).
 
As imagens deste post são de uma família instalada na cidade de Rio Tinto na Parabaíba. Nota-se uma diferença entre elas com relação à cabeça preta, necessitando uma identificação específica. Todas estavam na mesma árvore. As informações descritas são majoritariamente do trabalho de Correa, 2008.

detalhe da cabeça preta e tórax, que ja aparece com a cera removida

Família Pseudococcidae ocorrência na Paraíba Nordeste Brasil

habitat das fêmeas em entranhas do lenho
em meio à carapaças de fêmeas velhas


prolongamentos laterais de cera,  mais proeminentes na parte posterior

Uma fêmea e seus prolongamentos laterais de cera

A cabeça  é fusionada ao protórax, mas pode-se diferenciar certas características. As antenas têm de seis a nove artículos, ou pode ser reduzidas, sendo muito empregadas para o reconhecimento de gêneros e até mesmo para a separação de espécies. O aparelho bucal é opistognata, do tipo sugador labial tetraqueta, com peças bucais adaptadas para perfurar o tecido vegetal vivo e sugar o alimento na forma líquida, constando de dois pares de estiletes bucais e uma cobertura protetora formada pelo lábio. O abdome é deprimido e formado por oito segmentos, sendo somente o primeiro visível dorsalmente. O oitavo segmento abdominal, em geral, forma os lóbulos anais, localizados de cada lado do anel anal, os quais variam muito quanto ao desenvolvimento e esclerotização entre as espécies.(Chandler & Watson, 1999, Ferris, 1961; Ramos, 2003  Apud Correa ).
Uma das estruturas mais características dos insetos da família Pseudococcidae é a presença de dois pares de ostíolos dorsais, sendo um par localizado na cabeça e o outro no sexto segmento abdominal. Suspeita-se que sua função esteja relacionada com a liberação de substâncias. As secreções são formadas pela mistura de três tipos de cera e outras substâncias, incluindo lipídios e resinas  A função destas secreções de cera é proteger as cochonilhas contra a perda excessiva de água (dessecação), condições de excesso de umidade (chuvas), ataque de inimigos naturais (como, por exemplo, patógenos) e, até mesmo, exercer função sensorial, defensivas, pois quando molestadas, as cochonilhas abrem o ostíolos e liberam uma secreção líquida. (Cox & Pearce, 1983; Waku & Foldi, 1984 apud Correa 2008).

Discutem-se entre três e cinco subfamílias de Pseudococcidae, recentemente através do seqüênciamento de DNA, são propostas: Rhizoecinae, Phenacoccinae e Pseudococcinae. (Correa, 2008). As quais investigaremos à diante.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

[Flor] Espécie: Caesalpinia ferrea

Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Fabales
Família: Fabaceae
Subfamília: Caesalpinioideae
Género: Cesalpinia
Espécie: Caesalpinia ferrea



A família Fabaceae é a terceira maior família das angiospermas, com três subgrupos, também considerados por alguns como subfamílias: Caesalpinioideae, Mimosoideae e Faboideae. A subfamília Caesalpinoideae e o gênero Caesalpinia são identificados, com base na sua morfologia floral considerando: flores geralmente hermafroditas, com simetria radial ou bilateral e inflorescências indeterminadas. Temos dois tipos de inflorescência, a determinada e a indeterminada. Quando determinada, o meristema da inflorescência forma flores terminais que finaliza qualquer crescimento futuro da inflorescência. Se indeterminada, as inflorescências formam-se em ramos laterais e não há formação de flores terminais.
As Caesalpinoideaes tem inflorescência geralmente racemosas ou panículas, com meristema apical terminal que se desenvolve indeterminadamente, iniciando brácteas acropelarmente ao longo do eixo da inflorescência. Um único meristema floral é geralmente iniciado na axila de cada uma destas brácteas.
Observa-se em Caesalpinia ferrea um número médio de vinte flores por inflorescência. As flores são completas, diclamídeas e pentâmeras, com cinco pétalas e cinco sépalas, dez estames e um carpelo. Sépalas e pétalas são amarelas, exceto a pétala adaxial que possuimanchas vermelho claro.

As informações deste post são extraídas da tese de Herika Ap. Bequis de Araújo Zaia, apresentada na Universidade de Piracicaba em 2004, em sua tese Zaia análisou e relacionou a ontogênese floral de espécies de Caesalpínia (C. echinata, peltophoroides e ferrea) com estudos morfo-anatômicos e com microscopia eletrônica de varredura e ópitca, encontrou similaridade no processo de formação e desenvolvimento das flores. Seguem os critérios descritivos em que se assemelham a ontogênese floral das espécies avaliadas deste gênero:

- meristema da inflorescência é indeterminado e inicia a formação de brácteas acropelarmente
- cada bráctea protege um único meristema floral
- o primórdio da sépala abaxial é o primeiro a ser formado pelo meristema floral seguido dos primórdios das sépalas laterais e adaxiais de forma unidirecional.
 - segue-se os primórdios das pétalas, dos estames episséplos e epipétalos.
- a formação do carpelo se inicia com uma protuberância no centro do meristema floral, seguido por uma invaginação para originar uma fenda que será a placenta.
- ANTESE: nos estágios que precedem a antese, há a diferenciação de células papilares no estigma.

O trabalho que esta disponível na internet, é altamente recomendado para aprofundamento neste assunto, traz imagens de microscopia eletrônica de varredura, de vários momentos do desenvolvimento das flores de Pau-Ferro, Pau Brasil e Sibipiruna, desde da formação inicial meristemática até a liberação do pólen, bem como descrição detalhada da ontogênese e discussões sobre a filogenia dentro desta família:

ZAIA, H.A.B.A. Desenvolvimento floral de C. echinata Lam, C. peltophoroides Benth e C. férrea Var. leyotachia Benth (Fabaceae/ Caesalpinoideae). 2004, 53 f. Dissertação (Mestrado) - Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz". Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2004.

As fotos são de um indivíduo presente a muitos anos na praça da Igreja Matriz na cidade de Regente Feijó, Estado de São Paulo. Nestas cidades e nas vizinhas o Pau-Ferro tem destaque na arborização urbana, não se ve mudas sendo plantadas desta espécie, até porque preferem o "Oiti" e as palmeiras, mas  os antigos indivíduos, com seu tronco malhado, casca lisa colorida e copa alta com sombra farta são como esculturas das praças, suas flores e folhas são elegantes e raramente, ou quase nunca têm problemas com pragas e doenças.


Cinco pétalas; cinco sépalas, dez estames e um carpelo.

Pau-ferro inflorescência racemosa indeterminada.
Detalhe das brácteas e manchas vermelho claro

terminal de ramo de Caesalpinia ferrea
folha bipinada, filotaxia alterna expiralada