sábado, 30 de março de 2019

[Árvore] Sabiá (Mimosa caesalpiifolia Benth.)

  CARACTERÍSTICAS DE Mimosa caesalpiniifolia Benth.

Trecho da dissertação de Miranda (2018), apresentado na Universidade Federal Rural de Pernambuco:

   "A espécie Mimosa caesalpiniifolia Benth., popularmente conhecida como Sabiá, Cebiá, Sansão-do-campo e Unha-de-Gato é uma espécie da família Mimosaceae, endêmica do Brasil e nativa da Caatinga do Nordeste, que ocorre atualmente em quase todo o Brasil, nas regiões Norte, Nordeste, Centro-oeste, Sudeste e Sul (SILVA, 2016).
    Mimosa caesalpiniifolia é uma planta que alcança de cinco a oito metros de altura, com tronco de 20-30 cm de diâmetro, tem folhas compostas, alternas, bipinadas, geralmente com seis pinas opostas, cada uma provida de quatro à oito folíolos glabros (LORENZI, 1992). Os ramos são fortemente aculeados, o fuste é revestido de ritidoma que desprende-se por rimas longitudinais em lâminas estreitas delgadas. As flores são melíferas, alvas, em espigas pequenas, com odor característico (LIMA, 1996). O fruto desta espécie florestal é um craspédio glabro e sublenhoso, de cor castanho, com o pericarpo segmentado formando artículos monospérmicos deiscentes. O craspédio se caracteriza pela presença do replum, margem persistente que se destaca das faces do fruto, como uma moldura (LIMA, 1985); as sementes apresentam-se variando em forma, de obovoide a oblonga e orbicular, dura e lisa, com 5,1 a 5,9 mm de comprimento por 4,4 a 6,3 mm de largura, e 1,3 a 1,8 mm de espessura; o tegumento é castanho-claro a marrom, e a superfície é lisa lustrosa, com presença de pleurograma em forma de ferradura (FELICIANO, 1989).
    É uma espécie pioneira, que produz madeira para diferentes finalidades, tem potencial ornamental e potencial para reflorestamentos heterogêneos destinados à recomposição de áreas degradadas e de preservação permanente. (LORENZI, 1992; LIMA, 1996; RIBASKI et al., 2003). Barbosa et al. (2008), a indica como a espécie mais promissora para a implantação de florestas de uso múltiplo, e a coloca como uma das principais espécies nativas da Caatinga.
    Das espécies que podem ser empregadas na construção de cerca viva, M. caesalpiniifolia é a que têm recebido maior atenção. No Mato Grosso do Sul, é a principal espécie utilizada como cerca viva (DANIEL; COUTO, 2003), bem como no Sudeste do Brasil onde é comumente usada cercando fazendas, indústrias e áreas de mineração, minimizando o impacto visual, a poeira, contendo ventos e protegendo contra a entrada de animais e pessoas estranhas (BARBOSA et al., 2008). Segundo Ribaski et al. (2003) esta espécie forma após três anos uma cerca viva que atinge de quatro a oito metros de altura com aproximadamente 300 acúleos por metro quadrado.
    Mimosa caesalpiniifolia se destaca como importante fonte de madeira no nordeste, empregada como estacas e mourões na construção de cercas, e tutores em plantações de uva (RIBASKI et al., 2003). Os mourões para construção de cercas apresentam grande durabilidade e preços competitivos, sendo o plantio para este fim uma atividade lucrativa (BARBOSA et al., 2008). Contudo a madeira dessa espécie não é indicada para produção de celulose em função do seu baixo teor de alfa-celulose, alto teor de lignina e alta densidade, e por estes fatores é considerada como uma boa opção para a produção de lenha e carvão (GONÇALVES et al., 1999).
    Trata-se de uma espécie que apresenta rebrota abundante, e tolera cortes drásticos, fogo e pastejo (FRANCO et al., 2003). É eficiente na cobertura e na melhoria das condições do solo, por ser uma leguminosa que se associa com bactérias fixadoras de N; e produz serrapilheira rica em nutrientes com elevada velocidade de decomposição (ANDRADE et al., 2000). Como forrageira, é ótima fonte de suporte alimentar para os rebanhos, especialmente em períodos de secas prolongadas. As folhas e frutos maduros ou secos são forragem para bovinos, caprinos e ovinos, a parte aérea possui alto valor nutricional, com aproximadamente 13% de proteína, 1,61% de Cálcio e 0,22% de fósforo (LIMA, 1996)."

Foto: Giovana Miranda, UFRPE, 2017.
O biólogo José Luciano Santos de Lima em 1996, analisa o Potencial forrageiro de vinte espécies nativas da caatinga, em seu livro: "Plantas Forrageiras das Caatingas - Usos e Potencialidades". Publicado em Petrolina - Pernambuco através da EMBRAPA e do PNE (Programa Plantas do Nordeste). Em seu livro, além da descrição botânica e dos dados de ocorrência e fenologia, fornece principalmente a análise bromatológica e mineral da parte aérea das espécies, o que possibilita uma comparação entre as características nutricionais de maior interesse quando se pretende um suporte alimentar para os rebanhos, especialmente em períodos de secas prolongadas. Do livro de Lima são as informações seguintes:

Propagação: vegetativa e por sementes
Cresce em terrenos profundos, principalmente nos coluviões.
Fenologia: Início da floração e outubro e frutificação em dezembro.
Parte Utilizada: As folhas e frutos maduros ou secos são forragem para bovinos, caprinos e ovinos

Árvore em torno de sete metros de altura, com ramos fortemente aculeados.
Caule revestido de casca grossa e pardacenta, pouco espinhoso, castanho claro, ritidoma desprendendo-se por rimas longitudinais, em lâminas estreitas delgadas.
Folhas compostas, alternas, com folíolos elípticos e ovais, um tanto curvos.
Flores alvas, pequenas em espigas e suavemente perfumadas; melíferas.
Frutos: Vagem pequena, articuladas e sementes leves.
Madeira: Excelente para estacas, lenha, forquilhas e esteios, resistênte à umidade e fabricação de carvão.

Lima, 1996, fornece uma análise bromatológica e análie mineral da parte aérea (Proteína bruta: 13,48%, Fibra bruta - 19,63%, Extrato etéreo - 4,95%, Fósforo- 0,22%, Cálcio - 1,61%, Digestão in vitro - 14,16%)



Folha composta bipinada
ritidoma se despreendendo
árvore em frente ao departamento de Ciências Florestais (Recife 2017)
Oliveira, 1999 revisando a morfologia de plântulas, esclarece que nas espécies de Caesalpinioideae e Mimosoideae as plântulas são fundamentalmente epígeas, com cotilédones que podem ser foliáceos ou carnosos; em Caesalpinioideae as plântulas são epígeas majoritariamente com cotilédones foliáceos.
Segundo Carvalho, 2007 as mudas atingem porte adequado para plantio cerca de 3 meses após a semeadura.
A plântula é o resultado do desenvolvimento inicial do embrião. Na plântula a maior parte dos componentes são oriundos dos cotilédones, e 50% deles ainda estão presentes e funcionais. 

plântula de Sabiá com três dias, germinação epígeo-foliácea ou fanerocotiledonar

CARVALHO, P. E. R., Sabiá Mimosa caesalpiniaefolia. Colombo: Embrapa Florestas, 2007. 10 p. (Embrapa Florestas. Circular técnica, 135)

LIMA, J.L.S. Plantas forrageiras das caatingas, usos e potencialidades. Petrolina: EMBRAPA, 1996. 38p.

MIRANDA, G. Qualidade Fisiológica e Sanitária de Sementes de Mimosa caesalpiniifolia Benth. 2018. 35 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Florestal) - Universidade Federal Rural de Pernambuco. Recife.

OLIVEIRA, D. M. T. Morfologia de plântulas e plantas jovens de 30 espécies arbóreas de leguminosae. Acta Botanica Brasilica, São Paulo, v. 13, n. 3, p.263-269, 1999.

OLIVEIRA, L.E.M. Desenvolvimento de Plântulas. Temas em Fisiologia Vegetal. em: http://www.ledson.ufla.br/metabolismo-da-germinacao/etapas-da-germinacao/desenvolvimento-de-plantulas/

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