Macrofungos Notáveis das Florestas de Pinheiro-do-Paraná é um livro do holandês André August Remi de Meijer que emigrou para o Brasil, em 1978 e residiu 21 anos no estado do Paraná, na Reserva Natural Cambuí, na várzea do rio Iguaçu, em Curitiba;
na zona rural de São José dos Pinhais; na área rural do litoral norte
em Antonina e Guaraqueçaba. Montou sua coleção de
macrofungos paranaenses com mais de 4500 coletas, que fica atualmente no Herbário do
Museu Botânico Municipal em Curitiba (MBM).
Macrofungos são considerados como sendo todos os fungos que formam corpos frutíferos visíveis a olho nú, excluindo as ferrugens, carvões, mofos, fungos foliícolos, fungos anamórficos, ascomicetos liquenizados e mixomicetos.
Meijer após tipificar a Floresta Ombrófila Mista, traça uma retrospectiva das coletas de fungos no Brasil, conta que começaram em 1767, sistematizada à partir de 1816, quando uma sucessão de botânicos estrangeiros e outros viajantes começaram a chegar ao Brasil; destacando o alemão K.F.P. von Marthius, os franceses C.G. Beaupré, H.A. Weddell e A.F.M. Glaziou, o britânico W.J. Burchell e o austríaco H. Wawra von Fernsee.
Destaca a importância da coleta do "Shitake americano" o
Lentinula boryana fungo comestível de valor apreciado, feita pelo suiço J.S. Blanchet que se instalou no Brasil para coletas amadoras na Floresta Atlântica na Bahia em 1828.
Segundo Meijer, a primeira publicação é de Berkeley & Cooke que publicaram em 1877 uma lista de macrofungos do Brasil. E as principais coletas prosseguiram com Puiggari, espanhol que chegou no Brasil em 1877 e intensificou as coletas na região de Apiaí (São Paulo divisa com Paraná) de 1881 a 1889, e com outros grandes nomes das coletas brasileiras: C.A.W. Scwacke, alemão que coletou e aumentou a lista de 1873 à 1891; A. Puttemans, um belga que coletou no Brasil entre 1873 e 1937; F.A.G.J. Möller, alemão que coletou entre 1890 e 1893 e H.G. Ule, alemão que coletou entre 1883 a 1903. As coletas eram feitas no Brasil, descritas e nomeadas no exterior principalmente pelos micólogos: os franceses J.P.F.C. Montagne (1784-1866) e J-M. Léveillé (1796-1870); o britânico M.j. Berkeley (1803-1889); o alemão P.C. Hennings (1841-1908); o italiano C.L. Spegazzini (1858-1926) e o próprio Möller (1860-1922).
Meijer descreve ainda os trabalhos de coleta de Bononi, G. Guzmán e D. Pegler realizadas em São Paulo nos anos 80.
Para mais detalhes sobre as biografias dos nomes citados Meijer indica a leitura de Kirk et al. 2001: Dictionary of the fungi.
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Marasmius crassitunicatus |
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Marasmius nivosus |
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Marasmius nivosus |
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Marasmius enodis |
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Marasmius enodis |
No Paraná foram encontradas 39 espécies de
Marasmiellus. Uma ocorre em solo, em gramados e pastagens, e outra (
M. mesosporus), em talos de gramíneas vivas e mortas, em areia das dunas litorâneas. Ainda uma terceira ocorre tanto em folhas mortas de Pinus plantado como de
A.angustifolia nativa. Apresenta uma lista de hospedeiro e substtratos.
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Xerula pilosa |
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Hygrocybe parvula |
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Hygrocybe silvae-auricuriae |
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Hohenbuehella silvae-auricariae |
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Pluteus xylophilus |
No Paraná foram encontradas 34 espécies de
Pluteus; todas ocorrendo em madeira morta de dicotiledôneas em floresta nativa, algumas também em
A. angustifolia e nas palmeiras
Bactris setosa e
S. romanzoffiana, em folhas de bormeliáceas mortas, em solo, e em folhas mortas de
Typha nos pântanos. (Para identificação: Vellinga & Schreurs 1985)
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Neopaxillus villosa |
Somente três espécies de Neopaxillus são conhecidas. N. echinospermus é amplamente distribuída nos Neotrópicos (ver: Singer 1964), enquanto as outras duas são conhecidas somente nas localidades de Porto Rico e Sri Lanka.
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Tremetes villosa |
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Tremetes villosa |
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Fuscocerrena portoricensis |
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Polyporus sp. |
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Polyporus grammocephalus |
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Ramaria cyanocephala |
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Gomphus |
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Xylaria longipes |
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Hygrocybe sp. |
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Phyllotopsis nidulans |
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Grammothelopsis bambusícola |
Observações sobre o gênero
Tremella: Foram encontradas 08 espécies de
Tremella no Paraná. Todas basicamente espécies de floresta nativa e ocorrem somente em madeira morta de dicotiledôneas. Embora "representantes do gênero
Tremella compreendam espécies micoparasitas, que crescem no himênio de Aphyllophorales, em basidiocarpos de Dacrymycetales, em peritécio ou estromata de Ascomycetes (Cehn & Oberwinkler & Chen 2001), nada se sabe sobre a possível natureza micoparasitária de
Tremella dysenterica.
O autor apresenta uma lista de espécies comestíveis da região, junto com um panorama do consumo de cogumelos. Relata que as espécies mais coletadas são
Auricularia fuscosuccinea em madeiras de dicotiledôneas nativas;
Agaricus spp. e
Macrolepiota bonaerensis em pastagens e
Ramaria toxica em Eucalyptus.
R. toxica é venenoso quando ingerido cru, mas perde a toxicidade se fervido por 10 minutos. Em pantações de Pinus, três espécies de
Suillus são comuns e comestíveis.
Os macrofungos podem ser simbiontes, sapróbios ou parasitas. Alguns vivem inicialmente como parasitas e, depois da morte do hospedeiro continuam no tecido morto como sapróbios. a maioria dos macrofungos da MOF é formada por sapróbios e os gêneros mais ricos em espécies consistem principalmente se sapróbios, embora uma ou outra espécie possa ser obrigatória ou facultativamente ectomicorrízica ou parasita de plantas. Cordyceps é a única exceção, pois todas as espécies são parasitas de obrigatórios de artrópodes. Meijer faz uma compilação das espécies de macro e microfungus encontrados em substratos de pinheiro-do-paraná. Constata que das 135 espécies de macrofungos, a maioria são sapróbios, e entre os microfungos encontra-se alguns parasitas e espécies endomicorrízicas. Poucos macrofungos da floresta ombrófila montana são parasitas obrigatórios de plantas, entre eles se encontram
Tripospora macrospora que ocorre exclusivamente em folhas vivas de
Podocarpus lambertii. Definindo os grupos ecológicos dos macrofungos, o autor relaciona as espécies parasitas com as espécies hospedeiras, exemplificando os tipos de parasitismo envolvidos entre todas as espécies catalogadas.
Os basidiomicetos decompositores de madeira podem ser agrupados em fungos de podridão branca, que possuem sistema enzimático que lhes permite degradar todos os componentes das paredes celulares da madeira e fungos de podridão marrom, que removem da madeira celulose e hemicelulose, mas não lignina. O número de basidiomicetos de podridão marrom é pequeno comparado ao de podridão branca, e, com relação a habitats naturais, ainda menor nos trópicos (Ryvarden 1993). Entre os basidiomicetos de podridão marrom conhecidos, sete ocorrem na floresta ombrófila montana, elas são da ordem Polyporales e Dacrymycetales.
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