A arborazição e a utilização de plantas ornamentais nas cidades ameniza o impacto visual e ecológico causado pela urbanização, especialmente nos grandes centros urbanos, como é o caso de Brasília. Não é somente uma questão de estética, embora seja evidente a beleza das espécies vegetais, é também uma questão ecológica e de qualidade de vida, pois a vegetação atenua o calor do sol e melhora a qualidade do ar, além de diminuir o sentimento de opressão do homem frente às grandes edificações.
Em resumo, a arborização urbana de Brasília foi planejada para seguir o modelo de “cidade parque”, com grandes espaços livres arborizados; porém, durante a mega construção da cidade, a questão ambiental não foi priorizada, e toda a vegetação nativa foi derrubada. Chegada então, a hora da arborização, foram utilizadas espécies exóticas à região que não se adapataram, sendo registrado em estudos a morte de 50.000 destas árvores quando já estavam adultas.
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Os parque de Brasília em 2019 - Jardim Burle Marx |
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Jardim Burle Marx, com pouca arborização, 2019 |
Segundo Lima, 2009, na concepção original, a cidade deveria ser rodeada por zonas de proteção, não edificável, contendo bosques. Os estacionamentos seriam todos cobertos por árvores e as áreas adjacentes às vias e seus cruzamentos seriam cobertos com vegetação. Os espaços entre os prédios residenciais teriam áreas verdes tratadas como parques de concepção naturalista (SILVA, 2003). Ainda, segundo o mesmo autor, a concepção naturalista adotada no Modernismo como modelo para o tratamento dos espaços livres, pressupunha que seu uso levasse em consideração as restrições e potencialidades de cada sítio, resultando em um tratamento mais natural da paisagem que demandasse menores investimentos para implantação e manutenção.
Porém, não foi o que aconteceu...
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Estacionamento sem nenhuma arborização |
Após a retirada da vegetação nativa, e a urgência de vegetação para a inauguração da nova capital, em respeito ao Relatório do Plano Piloto (1957) de Lúcio Costa o qual enfatizava a importância da arborização dentro do conceito de Brasília como cidade-parque (LIMA, 2003 apud LIMA, 2009), foram introduzidas plantas provenientes de outras regiões do Brasil sem qualquer preocupação em resguardar as características do ecossistema existente, e então as mudas chegavam em grandes caminhões.
A paisagem desnuda e com poucos remanescentes nativos não garantia sombra e não preenchia as áreas destinadas a bosques e aos espaços verdes definidos no projeto da nova cidade. Visando diminuir a poeira e a lama, resultantes do imenso canteiro de obras ali instalado, foi plantada a grama batatais,
Paspalum notatum Flüegge, em extensas áreas. Foi necessário buscar, principalmente do Rio de Janeiro, espécies arbóreas e arbustivas. As mais utilizadas no período foram: Cássias (
Cassia siamea Lam. e
Cassia macranthera DC.), Albízia (
Albizia lebbeck Benth.), Clitória (
Clitoria racemosa Benth.), Flamboyant (
Delonix regia Raf.), espécie de Madagascar, Jacarandá-Mimoso (
Jacaranda mimosaefolia D.Don.), sem origem definida, Alecrim-de-Campinas (
Holocalyx glaziovii Taub.), dentre outras (ALENCAR & LIMA, 2001 apud LIMA 2009).
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Via S1 e o Jardim Burle Marx |
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Praça Zumbi dos Palmares |
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Eixo Rodoviário |
Simulações realizadas nos Estados Unidos por Nowak e Dwyer (2000) avaliaram a remoção de poluentes pelas árvores urbanas. Em Nova York, o índice de remoção obtido foi de 13,7g de poluentes por m2 de copa arbórea. O mesmo estudo ressalta a importância da floresta urbana na diminuição da concentração de CO2 do ar por meio da incorporação do carbono em seu crescimento. Segundo o autor, árvores de grande porte com diâmetro à altura do peito, DAP ≥ 77 cm, acumulam cerca de 1000 vezes mais carbono do que árvores de pequeno porte DAP ≤ 7cm (LIMA, 2009).
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Eixo Monumental |
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Vista da rodoviária Plano Piloto |
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via N1 e parte do Jardim Burle Marx |
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Palmeiras do Palácio da Justiça |
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Palácio da Justiça, Ministério da Justiça e Ministério da Segurança Pública |
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Museu Nacional Honestino Guimarães |
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Vias de acesso ao Planalto |
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Biblioteca Nacional de Brasília Leonel de Moura Brizola |
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Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida |
As Vias de acesso ao planalto, e ao palácio da justiça, bem como as calçadas do entorno dos principais prédios, como o museu nacional, a biblioteca, e a catedral, não contam com nenhuma vegetação, causando um grande desconforto térmico e praticamente condenando as caminhadas turísticas durante o dia.
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Congresso Nacional do Brasil |
O edifício do Congresso Nacional é o preferido do Oscar Niemeyer, é o Cartão-postal de Brasília, com uma concepção plástica arrojada, a sede do Poder Legislativo brasileiro é um conjunto de construções onde se destacam as duas cúpulas representando os plenários. Na foto esta a face voltada para a Praça dos Três Poderes, com seu espelho d’água. Também não conta com praticamene nenhuma vegetação arbórea, apenas uma fileira de palmeiras....
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Espelho dágua do Congresso e ao fundo a Biblioteca Pedro Aleixo |
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Praça dos Três Poderes |
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Palácio do Planalto |
O Palácio do Planalto, é a sede do Poder Executivo do Brasil, ele é revestido de mármore branco e da fachada principal, voltada para a Praça dos Três Poderes, são visíveis apenas quatro andares, porém possui subsolos e anexos administrativos.
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Escultura "Os Candangos" |
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Mastro do Pavilhão Nacional |
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Bosque dos Constituintes |
Localizado ao lado da Praça dos Três Poderes, o Parque Bosque dos contituintes tem cerca de 7 hectares onde estão plantadas cerca de 600 árvores, muitas delas plantadas por parlamentares. O Bosque começou a ser plantado em 1988, com espécies exóticas em sua maioria; em homenagem aos membros da Assembléia Nacional Constituinte, devido ao artigo 225 incluído na constituição federal e dedicado à proteção do meio ambiente. Após 20 anos abandonado, o bosque foi adotado pela câmara dos deputados, tornou-se um Parque, e passou por um projeto de revitalização, com a idéia de recosntituir a vegetação original do cerrado, seguindo as orientações de estudos relativos à flora nativa da região antes da urbanização.
Em 2008, para marcar a nova fase do bosque, na área conhecida como “Aleia das Autoridades” o então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva plantou uma muda de aroeira (Myracrodruon urundeuva Allemão), mesma espécie que ele, como membro da Assembleia Nacional, plantou em 1988; mudas de chichá (Sterculia striata) foram plantadas pelo presidente da Câmara dos Deputados; do Senado Federal, do Supremo Tribunal Federal e pelo governador do Distrito Federal.
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Chichá (Sterculia striata)
No Parque Bosque dos Constituintes |
O Chichá (
Sterculia striata), da família Sterciliaceae, é uma árvore decídua (perde suas folhas na seca), de médio porte, atingindo entre 8 e 14 m. No DF, ocorre nas matas secas de afloramento calcário, em floresta semidecídua, e no cerrado fechado.
Seu tronco é praticamente reto, com fuste alto, e casca levemente fissurada. Sua copa é piramidal e compacta quando jovem, tornando-se elevada e aberta quando adulta. As folhas se distinguem por serem simples e trilobada, de textura coriácea, medindo entre 15 e 20 cm, de filotaxia alterna, e concentrada nos terminais de ramos. Sua inflorescência é alaranjada e surge no DF entre fevereiro e abril. O seu fruto é uma cápsula grande que se abre espontaneamente, lançando as sementes à distância. Inicialmente de tom vermelho intenso e textura aveludada, assume textura lenhosa e cor castanha ao secar. No DF, frutifica entre junho a setembro.
É uma espécie com madeira frágil, indicada para utilização na arborização urbana, no paisagismo e na recuperação de solos degradados e ricos em calcário. Suas sementes podem ser utilizadas na alimentação humana e animal.
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Tabebuia ipê, Ipê Rosa florindo em frente à sede do Banco do Brasil |
Referências:
LIMA, R. M. C. Avaliação da arborização urbana do Plano Piloto. 2009. Dissertação de Mestrado apresentada na Universidade de Brasília. Faculdade de Tecnologia. 84 p.Departamento de Engenharia Florestal.
LORENZI, H. Árvores Brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. v. 1. Nova Odessa: Plantarum, 1992. 352 p.
Câmara dos Deputados: www2.camara.leg.br/a-camara
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