domingo, 3 de novembro de 2019

Arborização da Cidade de Brasília


A arborazição e a utilização de plantas ornamentais nas cidades ameniza o impacto visual e ecológico causado pela urbanização, especialmente nos grandes centros urbanos, como é o caso de Brasília. Não é somente uma questão de estética, embora seja evidente a beleza das espécies vegetais, é também uma questão ecológica e de qualidade de vida, pois a vegetação atenua o calor do sol e melhora a qualidade do ar, além de diminuir o sentimento de opressão do homem frente às grandes edificações.
Em resumo, a arborização urbana de Brasília foi planejada para seguir o  modelo de “cidade parque”, com grandes espaços livres arborizados; porém, durante a mega construção da cidade, a questão ambiental não foi priorizada, e toda a vegetação nativa foi derrubada. Chegada então, a hora da arborização, foram utilizadas espécies exóticas à região que não se adapataram, sendo registrado em estudos a morte de 50.000 destas árvores quando já estavam adultas.


Os parque de Brasília em 2019 - Jardim Burle Marx
Jardim Burle Marx, com pouca arborização, 2019
Segundo Lima, 2009, na concepção original, a cidade deveria ser rodeada por zonas de proteção, não edificável, contendo bosques. Os estacionamentos seriam todos cobertos por árvores e as áreas adjacentes às vias e seus  cruzamentos  seriam cobertos com  vegetação. Os  espaços  entre  os  prédios  residenciais teriam  áreas  verdes  tratadas  como  parques  de  concepção  naturalista  (SILVA,  2003).  Ainda, segundo o mesmo autor, a concepção naturalista adotada no Modernismo como modelo para o tratamento dos espaços livres, pressupunha que seu uso levasse em consideração as restrições e  potencialidades de cada sítio,  resultando em um tratamento  mais  natural  da  paisagem  que demandasse menores investimentos para implantação e manutenção.
Porém, não foi o que aconteceu...

Estacionamento sem nenhuma arborização
Após a retirada da vegetação nativa, e a urgência de vegetação para a inauguração da nova capital, em  respeito  ao  Relatório  do  Plano  Piloto  (1957)  de  Lúcio  Costa  o  qual  enfatizava  a importância da arborização dentro do conceito de Brasília como cidade-parque (LIMA, 2003 apud LIMA, 2009), foram introduzidas plantas provenientes de outras regiões do Brasil sem qualquer preocupação em  resguardar  as  características  do  ecossistema  existente, e então as mudas chegavam em grandes caminhões.

A  paisagem  desnuda  e  com  poucos  remanescentes  nativos  não  garantia  sombra  e  não preenchia  as  áreas  destinadas  a  bosques  e  aos  espaços  verdes  definidos  no  projeto  da  nova cidade.  Visando  diminuir  a  poeira  e  a  lama,  resultantes  do  imenso  canteiro  de  obras  ali instalado,  foi plantada a  grama  batatais, Paspalum  notatum Flüegge, em  extensas áreas.  Foi necessário  buscar,  principalmente  do  Rio  de  Janeiro,  espécies  arbóreas  e  arbustivas.  As  mais utilizadas  no  período  foram:  Cássias  (Cassia  siamea Lam.  e Cassia macranthera DC.), Albízia  (Albizia lebbeck Benth.), Clitória  (Clitoria racemosa Benth.),  Flamboyant  (Delonix regia Raf.),  espécie  de  Madagascar,  Jacarandá-Mimoso  (Jacaranda mimosaefolia D.Don.), sem   origem   definida,   Alecrim-de-Campinas   (Holocalyx   glaziovii Taub.),   dentre   outras (ALENCAR & LIMA, 2001 apud LIMA 2009).

Via S1 e o Jardim Burle Marx
Praça Zumbi dos Palmares
Eixo Rodoviário
Simulações realizadas nos Estados Unidos por Nowak e Dwyer (2000) avaliaram a remoção de poluentes pelas árvores urbanas. Em Nova York, o índice de remoção obtido foi de 13,7g de  poluentes por m2 de copa arbórea. O mesmo estudo ressalta a importância da floresta urbana na diminuição da concentração de CO2 do ar por meio da incorporação do carbono em seu crescimento. Segundo o autor, árvores de grande porte com diâmetro à altura do peito, DAP ≥ 77 cm, acumulam cerca de 1000 vezes mais carbono do que árvores de pequeno porte DAP ≤ 7cm (LIMA, 2009).


Eixo Monumental

Vista da rodoviária Plano Piloto


via N1 e parte do Jardim Burle Marx

Palmeiras do Palácio da Justiça
Palácio da Justiça, Ministério da Justiça e Ministério da Segurança Pública
Museu Nacional Honestino Guimarães

Vias de acesso ao Planalto
Biblioteca Nacional de Brasília Leonel de Moura Brizola
Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida
As Vias de acesso ao planalto, e ao palácio da justiça, bem como as calçadas do entorno dos principais prédios, como o museu nacional, a biblioteca, e a catedral, não contam com nenhuma vegetação, causando um grande desconforto térmico e praticamente condenando as caminhadas turísticas durante o dia.
Congresso Nacional do Brasil
O edifício do Congresso Nacional é o preferido do Oscar Niemeyer, é o Cartão-postal de Brasília, com uma concepção plástica arrojada, a sede do Poder Legislativo brasileiro é um conjunto de construções onde se destacam as duas cúpulas representando os plenários. Na foto esta a face voltada para a Praça dos Três Poderes, com seu espelho d’água. Também não conta com praticamene nenhuma vegetação arbórea, apenas uma fileira de palmeiras....

Espelho dágua do Congresso e ao fundo a Biblioteca Pedro Aleixo

Praça dos Três Poderes
Palácio do Planalto

O Palácio do Planalto, é a sede do Poder Executivo do Brasil, ele é revestido de mármore branco e da fachada principal, voltada para a Praça dos Três Poderes, são visíveis apenas quatro andares, porém possui subsolos e anexos administrativos.

Escultura "Os Candangos"


Mastro do Pavilhão Nacional



Bosque dos Constituintes
Localizado ao lado da Praça dos Três Poderes, o Parque Bosque dos contituintes tem cerca de 7 hectares onde estão plantadas cerca de 600 árvores, muitas delas plantadas por parlamentares. O Bosque começou a ser plantado em 1988, com espécies exóticas em sua maioria; em homenagem aos membros da Assembléia Nacional Constituinte, devido ao artigo 225 incluído na constituição federal e dedicado à proteção do meio ambiente. Após 20 anos abandonado, o bosque foi adotado pela câmara dos deputados, tornou-se um Parque, e passou por um projeto de revitalização, com a idéia de recosntituir a vegetação original do cerrado, seguindo as orientações de estudos relativos à flora nativa da região antes da urbanização.
Em 2008, para marcar a nova fase do bosque, na área conhecida como “Aleia das Autoridades” o então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva plantou uma muda de aroeira (Myracrodruon urundeuva Allemão), mesma espécie que ele, como membro da Assembleia Nacional, plantou em 1988; mudas de chichá (Sterculia striata) foram plantadas pelo presidente da Câmara dos Deputados; do Senado Federal, do Supremo Tribunal Federal e pelo governador do Distrito Federal.

Chichá (Sterculia striata)
No Parque Bosque dos Constituintes

O Chichá (Sterculia striata), da família Sterciliaceae, é uma árvore decídua (perde suas folhas na seca), de médio porte, atingindo entre 8 e 14 m. No DF, ocorre nas matas secas de afloramento calcário, em floresta semidecídua, e no cerrado fechado.
Seu tronco é praticamente reto, com fuste alto, e casca levemente fissurada. Sua copa é piramidal e compacta quando jovem, tornando-se elevada e aberta quando adulta. As folhas se distinguem por serem simples e trilobada, de textura coriácea, medindo entre 15 e 20 cm, de filotaxia alterna, e concentrada nos terminais de ramos. Sua inflorescência é alaranjada e surge no DF entre fevereiro e abril. O seu fruto é uma cápsula grande que se abre espontaneamente, lançando as sementes à distância. Inicialmente de tom vermelho intenso e textura aveludada, assume textura lenhosa e cor castanha ao secar. No DF, frutifica entre junho a setembro.
É uma espécie com madeira frágil, indicada para utilização na arborização urbana, no paisagismo e na recuperação de solos degradados e ricos em calcário. Suas sementes podem ser utilizadas na alimentação humana e animal.


Tabebuia ipê, Ipê Rosa florindo em frente à sede do Banco do Brasil

Referências:

LIMA, R. M. C. Avaliação da arborização urbana do Plano Piloto. 2009. Dissertação de Mestrado  apresentada na Universidade de Brasília. Faculdade de Tecnologia. 84 p.Departamento de Engenharia Florestal.

LORENZI, H. Árvores Brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. v. 1. Nova Odessa: Plantarum, 1992. 352 p.

Câmara dos Deputados: www2.camara.leg.br/a-camara

Wikipédia.org.br

sábado, 26 de outubro de 2019

[Palmeira] Gênero Caryota

Filo: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Arecales
Família: Arecaceae
Gênero: Caryota

O Gênero Caryota é um dos poucos que apresenta folhas bipinadas; originárias das florestas tropicais da Índia e Malásia, são cultivadas com freqüência em parques e jardins, além de muito elegantes produzem uma grande quantidade de frutos (Paschoal, 2007).

A Caryota mitis, possui troncos múltiplos, anelados, formando touceira rala ou densa, variando de 6 a 12 m de altura e com cerca de 15 cm de diâmetro, com fibra na base do pecíolo. Seus frutos são globosos, de início verdes, depois avermelhados e finalmente pretos (Paschoal, 2007). Já a Caryota urens, possui estipe único, robusto, de 10 a 18 m de altura e 20 a 40 cm de DAP,

A Caryota urens é uma das espécies da qual se pode extrair o verdadeiro sagu. Suas folhas atingem até 5 m de comprimento, com folíolos em forma de cunha, serreados no ápice, semelhantes a um rabo de peixe. A bainha é lisa e bem destacada. É uma planta monóica, com inflorescências de 2 a 4 m de comprimento e numerosos ramos pendentes com cerca de 1 m de comprimento. Os frutos são avermelhados quando maduros, e recobertos por cristais de oxalato de cálcio, urticantes no manuseio, de onde vem o epíteto urens do latim "ardor".
A C. urens floresce pela primeira vez, aproximadamente, aos 13 anos de idade e a partir daí, durante 5 a 7 anos, produz, anualmente, várias inflorescências. Quando os frutos amadurecem, na última frutificação, a palmeira morre, terminando o seu ciclo. Suas folhas fornecem fibras para confecção de cordas, pincéis, cestos, varas de pescar e vários outros artigos. Da sua seiva, obtida através do sangramento do estipe, produz-se um vinho, xarope e açúcar. Ela é utilizada no preparo de uma bebida alcoólica, fermentada, típica da Índia, feita a partir da seiva extraída de sua inflorescência. O seu palmito pode ser comido quando cozido. A semente pode ser mastigada como as nozes de areca (Areca catechu). Elas são comumente chamados de palmeira fishtail solitária, palm toddy, palmeira de vinho, palm jaggery.


Sementes de Caryota urens

Caryota urens
Inflorescência de Caryota mitis
Espécies fotografadas na cidade de Regente Feijó - SP, em novembro de 2018.

Referências:


Andrés E.L. Reyes. «C. urens L.». http://www.esalq.usp.br/trilhas/

Paschoal, R. T. et al. Uso de GA3 na embebição de sementes de palmeira cariota (Caryota mitis Lour.). 16° Congresso Brasileiro de Floricultura e Plantas Ornamentais / 3° Congresso Brasileiro de Cultura de Tecidos de Plantas / 1° Simpósio de Plantas Ornamentais Nativas. 2007.

Wikipédia.org.br

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

[Palmeira] Palmeira Azul (Bismarckia nobilis)

Filo: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Arecales
Família: Arecaceae
Subfamília: Coryphoideae
Gênero: Bismarckia
Espécie: Bismarckia nobilis


Bismarckia é um gênero monotípico de palmeiras. É uma espécie endêmica do oeste e do norte de Madagáscar. O gênero foi nomeado pelo primeiro chanceler do Império Alemão Otto von Bismarck e o epíteto para a sua única espécie, Bismarckia nobilis, vem do latim para 'nobre'.
Esta espécie cresce a partir de troncos solitários, de cor cinzenta a castanha, que apresentam recortes anelados, cicatrizes de antigas bases foliares. Os troncos são de 30 a 45 cm de diâmetro, ligeiramente abaulados na base e livres de bases foliares em todas as suas partes mais jovens. No seu habitat natural, podem atingir mais de 25 metros de altura, mas normalmente não atingem mais de 12 m em cultivo. As folhas quase arredondadas são enormes em maturidade, com mais de 3 m de largura, em um terço de seu comprimento são divididas em 20 ou mais segmentos rígidos, uma vez dobrados, eles mesmos divididos nas extremidades. Os pecíolos têm de 2 a 3 m, são ligeiramente armados e estão cobertos por uma cera branca, além de escamas caduchas cor de canela; a coroa quase esférica da folha tem 7,5 m de largura e 6 m de altura. As Bismarckias mais cultivadas apresentam folhagem azul-prateada, embora exista uma variedade de folhas verdes (que é menos resistente ao frio). Estas palmeiras são dióicas e produzem inflorescências pendentes, interfoliares, de pequenas flores marrons que, em plantas femininas, amadurecem para uma drupa marrom ovóide, cada uma contendo uma única semente.
As Bismarquias são fáceis de cultivar, são adaptáveis a uma grande variedade de solos preferindo uma boa drenagem, pois não suportam podridão na raiz, podem adaptar-se a solo ácido ou alcalino e prefere ser regada diretamente no sistema radicular ou pulverizada através do palmito. Ao plantar esta palmeira, certifique-se de não cobrir qualquer parte do tronco, pois isso causará problemas, já que é suscetível de ser comida por microrganismos que vivem naturalmente no solo.
Fonte: Wikipédia.org




Exemplares da "Palmeira Azul" fotografados na Praça da Fonte na cidade de Regente Feijó em 2018.


terça-feira, 23 de abril de 2019

[Palmeira] Babaçu (Attalea speciosa)

Filo: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Arecales
Família: Arecaceae
Gênero: Attalea
Espécie: Attalea speciosa

O babaçu é uma palmeira robusta e imponente com estipe isolado, de 10-30 metros de altura e de 25-60 centímetros de diâmetro, com 7 a 22 folhas medindo de 4 a 8 metros de comprimento (LORENZI et al., 2010).
Suas flores são de sexos separados, com ramos florais volumosos; pode apresentar até 6 cachos por planta ou mais, sustentados por um pêndulo de 70 a 90 centímetros. Cada cacho possui de 240 a 720 frutos que chegam a pesar de 90 a 240 gramas (Wikipeia.org)

O Nordeste brasileiro possui uma área de cerca de 12 milhões de ha plantados com babaçu, sendo a maior concentração no Estado do Maranhão. Mensalmente, são extraídas em torno de 140.000 t de amêndoas desses babaçuais, sendo considerada a maior fonte mundial de óleo de sementes silvestres para uso doméstico (COSTA, 2008).

O Óleo de babaçu, ou óleo de coco, como é popularmente conhecido, é um dos produtos mais utilizados dentre os derivados do babaçu, podendo ser empregado para diversos fins. O óleo pode ser usado no cozimento e na fritura de alimentos, sendo uma das suas características marcantes o leve gosto amendoado; por possuir alto índice de saponificação, é muito apropriado na fabricação de cosméticos; puro ou misturado com outros óleos vegetais, ele pode ser aplicado diretamente na pele e no cabelo, sendo eficaz na hidratação e no combate à caspa. Também é utilizado como lubrificante, e vem sendo cogitado para fabricação de biocombustíveis.
Este óleo, assim como o óleo de dendê, possui elevado teor de ácido láurico (ácido dodecanóico), um ácido graxo, que tem grande ação anti-inflamatória, e também é encontrado no leite humano. (Wikipedia.org)

A amêndoa do babaçu contém entre 60 % e 70 % de óleo, entretanto, a amêndoa representa apenas 6 % à 10 % do peso fresco dos frutos, de forma que a produção potencial de óleo é pequena, de aproximadamente 90 à 150 Kg.ha-1.ano-1 (BALICK; PINHEIRO, 2008 apud COSTA, 2008). Dessa forma, o baixo conteúdo de óleo no fruto direciona o uso do babaçu, principalmente, para co-geração de energia pela utilização da polpa, de alta densidade, capaz de substituir o carvão vegetal (COSTA, 2008).

O Babaçu caracteriza-se como uma espécies de grande relevância na subsistência de várias comunidades tradicionais, pois todas as suas partes  podem ser utilizadas, as folhas na cobertura de casas e noo artesanato, o estipe na construção de móveis, estrutura de moradias, e ainda na corrida de tora e em festa tradicional dos povos Xavante e Krahò no Mato Grosso (ANDRADE, et al. 2014)

Attalea speciosa
Frutificação de Attalea speciosa Palmeira Babaçu
Attalea speciosa: sementes de Babaçu

Obs. Os exemplares à cima foram fotografados frutificando em março de 2019, na cidade de Regente Feijó-SP, local onde são encontrados na arborização das principais praças.

ARRUDA, J.C., SILVA, C.J., SANDER N.L. Conhecimento e Uso do Babaçu (Attalea Speciosa Mart.) por Quilombolas em Mato Grosso. Fragmentos de Cultura, Goiânia, v. 24, n. 2, p. 239-252, abr/jun 2014.

COSTA, C.J., MARSHI, E.C.S. Germinação de Sementes de Palmeiras com Potencial para Produção de Agroenergia. Embrapa Documentos 229, 2008.

LORENZI,  Harri;  NOBLICK,  Larry  R.;  KAHN,  Francis.  FERREIRA,  Evandro.  Flora Brasileira: Arecaceae (palmeiras). Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2010.

sábado, 30 de março de 2019

[Árvore] Sabiá (Mimosa caesalpiifolia Benth.)

  CARACTERÍSTICAS DE Mimosa caesalpiniifolia Benth.

Trecho da dissertação de Miranda (2018), apresentado na Universidade Federal Rural de Pernambuco:

   "A espécie Mimosa caesalpiniifolia Benth., popularmente conhecida como Sabiá, Cebiá, Sansão-do-campo e Unha-de-Gato é uma espécie da família Mimosaceae, endêmica do Brasil e nativa da Caatinga do Nordeste, que ocorre atualmente em quase todo o Brasil, nas regiões Norte, Nordeste, Centro-oeste, Sudeste e Sul (SILVA, 2016).
    Mimosa caesalpiniifolia é uma planta que alcança de cinco a oito metros de altura, com tronco de 20-30 cm de diâmetro, tem folhas compostas, alternas, bipinadas, geralmente com seis pinas opostas, cada uma provida de quatro à oito folíolos glabros (LORENZI, 1992). Os ramos são fortemente aculeados, o fuste é revestido de ritidoma que desprende-se por rimas longitudinais em lâminas estreitas delgadas. As flores são melíferas, alvas, em espigas pequenas, com odor característico (LIMA, 1996). O fruto desta espécie florestal é um craspédio glabro e sublenhoso, de cor castanho, com o pericarpo segmentado formando artículos monospérmicos deiscentes. O craspédio se caracteriza pela presença do replum, margem persistente que se destaca das faces do fruto, como uma moldura (LIMA, 1985); as sementes apresentam-se variando em forma, de obovoide a oblonga e orbicular, dura e lisa, com 5,1 a 5,9 mm de comprimento por 4,4 a 6,3 mm de largura, e 1,3 a 1,8 mm de espessura; o tegumento é castanho-claro a marrom, e a superfície é lisa lustrosa, com presença de pleurograma em forma de ferradura (FELICIANO, 1989).
    É uma espécie pioneira, que produz madeira para diferentes finalidades, tem potencial ornamental e potencial para reflorestamentos heterogêneos destinados à recomposição de áreas degradadas e de preservação permanente. (LORENZI, 1992; LIMA, 1996; RIBASKI et al., 2003). Barbosa et al. (2008), a indica como a espécie mais promissora para a implantação de florestas de uso múltiplo, e a coloca como uma das principais espécies nativas da Caatinga.
    Das espécies que podem ser empregadas na construção de cerca viva, M. caesalpiniifolia é a que têm recebido maior atenção. No Mato Grosso do Sul, é a principal espécie utilizada como cerca viva (DANIEL; COUTO, 2003), bem como no Sudeste do Brasil onde é comumente usada cercando fazendas, indústrias e áreas de mineração, minimizando o impacto visual, a poeira, contendo ventos e protegendo contra a entrada de animais e pessoas estranhas (BARBOSA et al., 2008). Segundo Ribaski et al. (2003) esta espécie forma após três anos uma cerca viva que atinge de quatro a oito metros de altura com aproximadamente 300 acúleos por metro quadrado.
    Mimosa caesalpiniifolia se destaca como importante fonte de madeira no nordeste, empregada como estacas e mourões na construção de cercas, e tutores em plantações de uva (RIBASKI et al., 2003). Os mourões para construção de cercas apresentam grande durabilidade e preços competitivos, sendo o plantio para este fim uma atividade lucrativa (BARBOSA et al., 2008). Contudo a madeira dessa espécie não é indicada para produção de celulose em função do seu baixo teor de alfa-celulose, alto teor de lignina e alta densidade, e por estes fatores é considerada como uma boa opção para a produção de lenha e carvão (GONÇALVES et al., 1999).
    Trata-se de uma espécie que apresenta rebrota abundante, e tolera cortes drásticos, fogo e pastejo (FRANCO et al., 2003). É eficiente na cobertura e na melhoria das condições do solo, por ser uma leguminosa que se associa com bactérias fixadoras de N; e produz serrapilheira rica em nutrientes com elevada velocidade de decomposição (ANDRADE et al., 2000). Como forrageira, é ótima fonte de suporte alimentar para os rebanhos, especialmente em períodos de secas prolongadas. As folhas e frutos maduros ou secos são forragem para bovinos, caprinos e ovinos, a parte aérea possui alto valor nutricional, com aproximadamente 13% de proteína, 1,61% de Cálcio e 0,22% de fósforo (LIMA, 1996)."

Foto: Giovana Miranda, UFRPE, 2017.
O biólogo José Luciano Santos de Lima em 1996, analisa o Potencial forrageiro de vinte espécies nativas da caatinga, em seu livro: "Plantas Forrageiras das Caatingas - Usos e Potencialidades". Publicado em Petrolina - Pernambuco através da EMBRAPA e do PNE (Programa Plantas do Nordeste). Em seu livro, além da descrição botânica e dos dados de ocorrência e fenologia, fornece principalmente a análise bromatológica e mineral da parte aérea das espécies, o que possibilita uma comparação entre as características nutricionais de maior interesse quando se pretende um suporte alimentar para os rebanhos, especialmente em períodos de secas prolongadas. Do livro de Lima são as informações seguintes:

Propagação: vegetativa e por sementes
Cresce em terrenos profundos, principalmente nos coluviões.
Fenologia: Início da floração e outubro e frutificação em dezembro.
Parte Utilizada: As folhas e frutos maduros ou secos são forragem para bovinos, caprinos e ovinos

Árvore em torno de sete metros de altura, com ramos fortemente aculeados.
Caule revestido de casca grossa e pardacenta, pouco espinhoso, castanho claro, ritidoma desprendendo-se por rimas longitudinais, em lâminas estreitas delgadas.
Folhas compostas, alternas, com folíolos elípticos e ovais, um tanto curvos.
Flores alvas, pequenas em espigas e suavemente perfumadas; melíferas.
Frutos: Vagem pequena, articuladas e sementes leves.
Madeira: Excelente para estacas, lenha, forquilhas e esteios, resistênte à umidade e fabricação de carvão.

Lima, 1996, fornece uma análise bromatológica e análie mineral da parte aérea (Proteína bruta: 13,48%, Fibra bruta - 19,63%, Extrato etéreo - 4,95%, Fósforo- 0,22%, Cálcio - 1,61%, Digestão in vitro - 14,16%)



Folha composta bipinada
ritidoma se despreendendo
árvore em frente ao departamento de Ciências Florestais (Recife 2017)
Oliveira, 1999 revisando a morfologia de plântulas, esclarece que nas espécies de Caesalpinioideae e Mimosoideae as plântulas são fundamentalmente epígeas, com cotilédones que podem ser foliáceos ou carnosos; em Caesalpinioideae as plântulas são epígeas majoritariamente com cotilédones foliáceos.
Segundo Carvalho, 2007 as mudas atingem porte adequado para plantio cerca de 3 meses após a semeadura.
A plântula é o resultado do desenvolvimento inicial do embrião. Na plântula a maior parte dos componentes são oriundos dos cotilédones, e 50% deles ainda estão presentes e funcionais. 

plântula de Sabiá com três dias, germinação epígeo-foliácea ou fanerocotiledonar

CARVALHO, P. E. R., Sabiá Mimosa caesalpiniaefolia. Colombo: Embrapa Florestas, 2007. 10 p. (Embrapa Florestas. Circular técnica, 135)

LIMA, J.L.S. Plantas forrageiras das caatingas, usos e potencialidades. Petrolina: EMBRAPA, 1996. 38p.

MIRANDA, G. Qualidade Fisiológica e Sanitária de Sementes de Mimosa caesalpiniifolia Benth. 2018. 35 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Florestal) - Universidade Federal Rural de Pernambuco. Recife.

OLIVEIRA, D. M. T. Morfologia de plântulas e plantas jovens de 30 espécies arbóreas de leguminosae. Acta Botanica Brasilica, São Paulo, v. 13, n. 3, p.263-269, 1999.

OLIVEIRA, L.E.M. Desenvolvimento de Plântulas. Temas em Fisiologia Vegetal. em: http://www.ledson.ufla.br/metabolismo-da-germinacao/etapas-da-germinacao/desenvolvimento-de-plantulas/